“Todo Seu”, último
livro da série Crossfire de Sylvia
Day, que só chega às livrarias no dia 5 de Abril, enquanto o livro não chega, a
Editora Paralela divulgou na sua fanpage um trecho do primeiro capitulo...
Capítulo 1
Nova
York era a cidade que nunca dormia; nem sentia sono. Meu apartamento no Upper
West Side tinha o proteção antirruído, como era de se esperar em uma
propriedade de milhões de dólares, mas ainda assim, os sons da cidade entravam
– o correr rítmico dos pneus nas rua desgastadas, os protestos dos freios e o
buzinar sem fim dos táxis.
Quando
saí do café da esquina da Broadway sempre cheia, a movimentação da cidade tomou
conta de mim. Como eu tinha conseguido viver até aquele momento sem a cacofonia
de Manhattan?
Como
eu tinha conseguido viver sem ele?
Gideon
Cross.
Segurei
seu rosto com as mãos, senti quando ele se acomodou em meu toque. Essa
demonstração de vulnerabilidade e de afeto me tocou. Horas antes, eu tinha
pensado que ele nunca mudaria, que eu teria que me dedicar demais para dividir
a vida com ele. Mas naquele momento, eu estava diante da coragem dele e
duvidando da minha.
Será
que eu tinha exigido mais dele do que de mim mesma? Eu me senti envergonhada
diante da possibilidade de tê-lo motivado a progredir enquanto eu havia
permanecido a mesma, obstinada.
Ele
estava de frente para mim, alto e forte. De calça jeans e camiseta, com um boné
cobrindo os olhos, não era possível reconhecê-lo como o magnata que o mundo acreditava
conhecer, mas ainda assim, afetava a todos por quem passava. Pelo canto do
olho, percebi diversas pessoas ao nosso redor olhando mais de uma vez para ele.
A
força do corpo musculoso e esguio de Gideon era inconfundível, não importava se
estivesse vestido de modo casual ou com um terno e colete feitos sob medida,
combinação que lhe caía muito bem. O modo com que caminhava, a autoridade que
exercia com controle impecável, fazia com que fosse impossível que ele ficasse
em segundo plano.
Nova
York engolia tudo que entrava nela, mas Gideon tinha o controle da cidade.
E
ele era meu. Mesmo com minha aliança no dedo dele, eu ainda sentia dificuldade
para acreditar nisso, às vezes.
Ele
nunca seria um homem qualquer. Ferocidade com elegância, perfeição com toques
falhos. Ele é o nexo do meu mundo, o nexo do mundo.
Mas,
apesar disso, ele havia acabado de provar que se submeteria e iria ao limite
para estar comigo. O que me dava uma determinação renovada de provar que eu
valia a dor que o forcei a enfrentar.
Ao
nosso redor, o comércio pela Broadway estava sendo reaberto. O fluxo do tráfego
na rua começou a aumentar, carros pretos e táxis amarelos corriam a toda pela
superfície desnivelada. Moradores tomavam as calçadas, levando os cachorros
para passear e seguindo em direção ao Central Park para uma corrida matutina,
aproveitando o máximo que podiam do tempo antes de começarem o dia de trabalho
com afinco.
O
Mercedes parou no meio-fio assim que nos aproximamos, com Raúl, um homem
grande, ao volante. Agnus parou o Bentley logo atrás. Meu carro e o de Gideon,
seguindo para casas separadas. Como isso podia ser um casamento?
Mas
na verdade, era o nosso casamento, apesar de nenhum de nós desejá-lo dessa
maneira. Tive que estabelecer um limite quando Gideon contratou meu chefe na
agência de publicidade para a qual eu trabalhava.
Compreendo
o desejo de meu marido de me ver na Cross Industries, mas tentar me forçar
agindo pelas minhas costas…? Eu não podia deixar, não com um homem como Gideon.
Ou estávamos juntos ― tomando decisões juntos ― ou estávamos muito afastados
para fazer o relacionamento dar certo.
Jogando
a cabeça para trás, olhei para o rosto lindo dele. Vi remorso ali, além de
alívio. E amor. Muito amor.
Sua
beleza era estonteante. Tinha os olhos azuis como o mar do Caribe, os cabelos
eram fartos, pretos e brilhosos, uma juba que chegava ao pescoço. Seu rosto
tinha sido esculpido, com traços e ângulos feitos perfeitamente a ponto de
surpreender e dificultar o raciocínio. Eu me senti enfeitiçada por sua
aparência assim que o vi, e ainda percebo minhas sinapses fritando, às vezes.
Gideon me surpreendeu.
Mas
era o homem por dentro, com sua energia e seu poder fortes, a inteligência e a
coragem, aliados a um coração que sabia ser muito sensível…
“Obrigada.”
Meus dedos percorreram os pelos escuros de suas sobrancelhas, formigando como
sempre acontecia quando entravam em contato com sua pele. “Por me chamar. Por
me contar sobre seu sonho. Por me encontrar aqui.”
“Encontraria
você em qualquer lugar.” As palavras eram uma promessa, ditas de modo fervoroso
e intenso.
Todo
mundo tinha demônios. Os de Gideon ficavam enjaulados por sua força de vontade
impetuosa quando ele estava acordado, mas quando dormia, era atormentado por
eles em pesadelos violentos e terríveis. Tínhamos muito em comum, mas a
agressão em nossa infância era um trauma compartilhado que nos unia e nos
separava. Fazia com que eu lutasse mais. Nossos agressores já tinham tirado
muito de nós.
“Eva…
Você é a única força capaz me manter afastado.”
“Obrigada
por isso também”, murmurei, com o peito comprimido. “Sei que não foi fácil para
você me dar espaço, mas eu precisava. E sei que forcei você…”
“Forçou
muito.”
Esbocei
um sorriso diante de sua frieza ao dizer aquilo. Gideon não era um homem
acostumado a não receber o que queria. “Eu sei. E você permitiu, porque me
ama.”
“É
mais do que amor.” Ele segurou meus punhos, apertando de um modo que fazia com
que tudo dentro de mim se entregasse.
Assenti,
não mais temendo admitir que precisávamos um do outro de um modo que algumas
pessoas considerariam doentio. Éramos assim, tínhamos isso. E era precioso.
“Vamos
ao dr. Petersen juntos.” Ele disse as palavras com a ordem inconfundível, mas
ele olhou para mim como se tivesse feito uma pergunta.
“Você
é muito mandão”, provoquei, querendo que ficasse um clima bom entre nós. De
esperança. Nossa sessão de terapia semanal com o dr. Petersen aconteceria em
poucas horas, e não poderia ser mais adequada. Nós tínhamos dobrado uma
esquina. Precisávamos de ajuda para entender quais seriam nossos próximos
passos dali em diante.
Ele
envolveu minha cintura com as mãos. “Você adora.”
Segurei
a barra de sua camisa, segurando o tecido macio.
“Eu
adoro você.”
“Eva.”
Seus braços me envolveram com força e intensidade, e senti sua respiração tensa
em meu pescoço. Manhattan nos cercava, mas não nos podia penetrar. Quando
estávamos juntos, o resto deixava de existir.
Emiti
um gemido de desejo, e todo o meu desejo por ele vinha à tona por tê-lo de novo
grudado em mim. Respirei fundo e senti seu cheiro, e meus dedos massagearam os
músculos rígidos de suas costas. A adrenalina que me tomava era forte, eu era
viciada nele ― coração, alma e corpo ― e já tinha passado dias sem minha dose,
e estava trêmula e desconcertada, incapaz de pensar direito.
Ele
me envolveu, seu corpo era muito maior e mais rígido do que o meu. Eu me senti
segura no abraço dele, valorizada e protegida. Nada podia me tocar nem ferir
quando ele me abraçava. Queria que ele sentisse a mesma segurança comigo,
precisava que ele soubesse que podia baixar a guarda, respirar fundo e que eu
protegeria nós dois.
Eu
tinha que ser mais forte. Mais esperta. Mais intimidadora. Tínhamos inimigos, e
Gideon lidava com eles sozinho. Era natural para ele ser protetor; era uma de
suas características que eu admirava profundamente. Mas eu tinha que começar a
mostrar para as pessoas que podia ser um adversário tão incrível quanto meu
marido.
Mais
importante, tinha que provar isso a Gideon.
Recostada
nele, absorvi seu calor. Seu amor.
“Nós
nos vemos as cinco, campeão.”
“Nem
um minuto a mais”, ele respondeu com intensidade.
Não
consegui conter o riso, encantada com cada faceta sincera dele. “E se eu me
atrasar?”
Afastando-se,
ele lançou a mim um olhar de arrepiar. “Vou te buscar.”
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